O FUTEBOL EM PINHAL NOVO (2)


União Foot-Ball Club Pinhalnovense.

Recomeça a sua actividade em 1939. Em 1943, ao tornar oficiosa a sua actividade, assumirá mesmo a data de 1910 como a da sua fundação e utilizará os mesmos estatutos do primeiro União, datados de Setembro de 1925.
Como o dinheiro não abunda, os  equipamentos que utilizam, são feitos por algumas jovens com jeito para a costura.
São compradas camisolas interiores brancas, ás quais são adaptadas golas pretas. À frente a camisola é aberta cerca de 15 centímetros, e pode ser fechada utilizando um cordão. A meia manga é debruada também a preto. Os calções são em sarja preta. As meias, são pretas, com duas listas brancas no canhão.
No princípio dos anos quarenta, registam-se encontros de futebol, no campo das «covinhas» e saídas com alguma frequência. Nesses jogos o União equipava com os equipamentos que deixámos descritos anteriormente e que se mostram na foto abaixo.

                          União Foot-Ball Club Pinhalnovense em Vendas Novas no ano de 1942.

de pé; Miguel Campos,Pedro Vinagre e João M. Cebola.
de cócoras; Raúl Gouveia,Manuel Feijão, Barão Primo, Francisco Cruz, Manuel Capareira, José Cebola, Amadeu Roque e Tomaz Pardelhas.


Uma festa em 30 de Maio de 1943.
E o apelo feito no programa.

“Pinhalnovenses!!! Ajudai o nosso Futebol que tão bem tem sabido honrar as cores durante 4 anos de existência, perdendo apenas 8 encontros!
No final do espectáculo a Direcção dá um colossal baile em homenagem ao seu «team» de honra pelas verdadeiras qualidades desportivas com que sempre se tem apresentado em campo cada vez que é necessário defender as suas cores.
Este baile será abrilhantado pelo nosso associado Sr. António d’Oliveira e Souza acompanhado pelo seu jazz-bandista Augusto Nogueira de Faria, que num gesto absolutamente louvável oferecem o seu concurso a esta festa”.




Assembleia Geral

Acta nº 1 de 5 de Junho de 1943
“Pelas vinte e três horas do dia cinco de Junho de mil novecentos e quarenta e três, na sede deste clube (casa pertencente à senhora Luísa de Jesus e que fica anexa à barbearia do senhor Manuel Valente Ribeiro) reuniram os seguintes sócios sob a presidência do senhor Manuel Monteiro Feijão, secretariado pelos senhores João Godinho de Matos e José Sanchez Pardelhas.

Aberta a sessão, o sócio senhor Manuel Monteiro Feijão disse ter convocado esta reunião para assim entre os sócios presentes se arranjar aqueles que hão-de fazer parte dos corpos gerentes para o corrente ano. Exposto este assunto, disse ainda, que seria melhor, para não se perder muito tempo, organizar-se uma lista com os nomes dos indivíduos distribuídos pelos seus cargos. Estas palavras foram por todos bem recebidas, e foi incumbido de arranjar a lista, o sócio, senhor João Godinho de Matos”.

A composição da direcção eleita, para dirigir o União no ano de 1943.

Direcção
Presidente – Augusto dos Santos Júnior
Vice-presidente – José Godinho de Matos
Secretário – José Sanchez Pardelhas
1º Vogal – Emídio da Cruz Roque
2º Vogal – Acácio Ramos Gouveia.


Novos equipamentos

Em 19 de Setembro de 1943, o União estreia  novos equipamentos.
Camisolas ás riscas verticais azuis e brancas, e calções azuis-escuros.
O acontecimento tem direito a fotografia tirada no campo das «covinhas».



Maria Clara, Maria Simplício, Amadeu Roque, Pedro Vinagre, João M.Cebola, Natália, Orense Lagarto e Augusto Bragança (Presidente).
Jorge Roque, Barão Primo, Manuel Capareira, José Cebola.
Raúl Gouveia, Francisco Cruz, Miguel Campos, Manuel Monteiro e Tomaz Pardelhas.

No ano de 1945, a 5 de Janeiro é eleita uma direcção, que tem a particularidade de contar  no seu elenco,  uma  mulher!

                      Direcção
Presidente – Augusto dos Santos Júnior
Vice-presidente – Manuel Martins Lázaro
1º secretário – Manuel Rodrigues Gonçalves
2º secretário – Delfina Campos
1º vogal – Viriato Cebola
2º vogal – Anacleto Tapadinhas.                                                                                                                                                                                           
Nesse mesmo ano, porque o campo  de futebol existente, chamado "campo das covinhas” vai desaparecer, é criado um movimento com o fim de  conseguir terreno, onde seja possível a construção de outro campo de futebol.
Um abaixo-assinado, encabeçado pelo presidente da Junta de Freguesia, é enviado à Câmara de Palmela, pedindo alternativas para a substituição do "campo das covinhas”.
Isso passa-se no mês de Junho, e a Câmara acede a alugar um terreno pelo prazo de 30 anos para que seja construído um campo de futebol.


              Através do ofício nº 91, de 15 de Agosto de 1945, a direcção do União faz saber à Associação de Futebol de Setúbal, que pretende disputar o campeonato distrital.Como prevê que só terá o campo de futebol pronto na altura da 2ª volta do campeonato, pede para que lhe seja permitido disputar os jogos da 1ª volta na casa dos adversários.


Como também é exigido aos clubes que indiquem os equipamentos a utilizar durante o campeonato, o União para além das indicações já dadas no ofício nº 91, envia à Associação um "boneco" com as cores do equipamento a utilizar.


Desenho de Augusto de Oliveira Santos
Uma chamada de atenção para o equipamento referenciado. O ofício é datado de 15 de Agosto de 1945, portanto ainda não existe o Clube Desportivo Pinhalnovense e o equipamento já é semelhante ao do Futebol Clube do Porto. Portanto...a história que por vezes se conta de que   o equipamento do C.D.P. é à "Porto" porque haviam sportinguistas e benfiquistas que queriam a suas cores no clube da terra será fantasiosa, porque já o União em 1945 assim equipava. 
Quem sabe? Não teria sido o comprador dos equipamentos  um adepto portista?


***
Em 1946, o União no campo dos Arcos em Setúbal, para disputa de um jogo referente ao Campeonato Distrital da 2ª divisão.


Da esquerda para a direita;
de pé: Carvalhinho (treinador) João Tavares(tesoureiro) Adérito, Manuel Margarido, Tanganho, Gervásio, Miguel Campos, José Ribeiro.
De cócoras; Francisco Cruz, Cândido, Setúbal, Barão Primo, José Cebola.




O campo Santos Jorge só  ficaria em condições de ser utilizado em provas oficiais, em meados de 1947.

Em 30 de Junho de 1947, é confirmado como assistente clínico do União , o doutor José Ferreira Lopes.

Alguém, depois secundado por muitos outros, achou que para se criarem melhores  condições no União a solução estaria numa fusão com a Sociedade Recreativa Literária e Musical Pinhalnovense.

O germinar da fusão
Acta nº 20 de 26 de Julho de 1948 do União Pinhalnovense 
(...)"foi lido pelo 1º secretário senhor Álvaro da Costa Tavares, um ofício assinado por grande número de sócios e dirigido à mesa, em que solicitava e propunha a fusão desta agremiação  com a Sociedade Recreativa Literária e Musical, com o fundamento de que, atendendo à crise económica que ambas atravessam e a que os sócios duma eram quase todos também sócios da outra, a sua fusão trazia uma grande redução de despesas e muitas vantagens, tanto para as colectividades como para os seus associados que em parte não podem continuar a suportar o encargo de pagamento de quotas para as duas. A proposta foi aprovada por unanimidade e aclamação, ficando resolvido oficiar-se a Sociedade Recreativa Literária e Musical, das resoluções aprovadas nesta Assembleia e pedindo o seu acordo. E não havendo mais de que tratar foi esta sessão encerrada pelas 23 horas”.
Pinhal Novo, 26 de Julho de 1948.
O Presidente da mesa, Arnaldo da Silva Mendes.

O que estava em causa, para além da situação financeira, era a cobiça pelas instalações da Sociedade Literária, que na época eram as melhores existentes em Pinhal Novo.

A fusão
Em 5 de Agosto de 1948, dez dias depois da Assembleia do União, acontece uma assembleia, em local que não está mencionado, mas provavelmente terá sido na sede da Sociedade Recreativa.
A mesa foi presidida por Francisco Joaquim Baptista, secretariado por José da Costa Xavier e Hélder Ramos Gouveia.
Aberta a sessão o presidente declarou, que a assembleia tinha sido convocada de harmonia com a resolução tomada na assembleia de vinte e seis de Julho último, lendo em seguida a ordem dos trabalhos:
“Nomeação da Comissão Administrativa, aprovação dos novos Estatutos e o nome a dar ao novo Clube”.
 Gera-se grande polémica à volta do nome a dar ao clube que está a nascer.
Barão José Primo, pede a palavra para declarar que acerca do nome do novo clube, tinha ficado combinado quando se iniciou o movimento para a fusão, que seria o de Clube Desportivo Ferroviário Pinhalnovense.
O sócio José da Costa Xavier, que defendia para nome da nova agremiação o de Clube Desportivo Pinhalnovense, acabou por ver a sua proposta aprovada por maioria.

A Comissão Administrativa para o novo Clube.
Presidente – Francisco Joaquim Baptista
Vice-presidente - António Serrão
Secretário-geral – Hélder Ramos Gouveia
Secretário-Adjunto – José da Silva Neves
Tesoureiro – José da Costa Xavier
1º Vogal – José Amaro Teixeira
2º Vogal – Francisco Pinheiro Pimentel
3º Vogal – Luís dos Santos Brinca.

Talvez que a fusão não tenha sido pacífica.
Não foi possível encontrar elementos em qualquer livro de actas, que nos dessem indicação de qual a posição que seria defendida pelos homens da Sociedade Recreativa, que muito provavelmente, não estiveram de acordo com este “assalto” à sua colectividade.
Encontrámos uma pequena passagem em "memórias" de Francisco Joaquim Baptista de que transcrevemos;
"o Presidente da Assembleia Geral era a minha pessoa, que tive sérias dificuldades no desempenho da minha missão, os fundadores da Recreativa não receberam bem a deliberação da Assembleia, que sem calma e sem razão apresentaram os seus protestos o que não se justificaram porque a modalidade por eles defendida estava assegurada". ! 
A Sociedade Recreativa Literária e Musical Pinhalnovense teve os Estatutos aprovados em 24 de Dezembro de 1938, pelo Governador Civil substituto,Carlos Manito Torres.
E foi assim, que União Futebol Clube Pinhalnovense, e Sociedade Recreativa Literária e Musical, se fundiram dando origem ao Clube Desportivo Pinhalnovense, à 66 anos.

Um reparo.
Em Agosto de 1948, esqueceram a data de 1910, como ano da fundação do primeiro União e que o “renascido” em 1943, também usava  essa data assim como os estatutos de 1925.
Analisando o percurso desde 1910, julgo que o Clube Desportivo Pinhalnovense é descendente do primeiro União, por tal, a data de 1910 devia ter sido mantida!



 José Manuel Cebola,Outubro de 2014
















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