TERNO D´OUROS

                              Terno D’ouros 
              
Em Pinhal Novo sempre existiu uma cultura musical - talvez se possa situar esta afirmação entre 1914 e os tempos actuais, para que se torne mais  condizente com a realidade - que favoreceu o aparecimento de solistas instrumentais que se juntavam e formavam conjuntos de cordas… de metais… e, até das duas coisas, não esquecendo os mais dotados vocalmente, que  sempre faziam parte desses conjuntos.
Como não recordar os músicos que formaram no início dos anos quarenta a orquestra ligeira da SFUA ?

Esta e outras referências a conjuntos musicais, foram feitas por quem viveu esses tempos nos anos 30/40/50/60, e que têm todo o direito a serem recordados.  
Hoje vamos recordar o

 Terno D’ouros
Álvaro Amaro - Amilcar Caetano - Feliciano Silva


O trio Terno D’ouros

“Inicialmente era para ser composto por; Álvaro Amaro, Helder Pimenta e Feliciano Silva.
O Álvaro, fazia acordeon e voz. Hélder faria voz e ferrinhos e o Feliciano Silva tambor e voz.
Entretanto apareceu em Pinhal Novo um funcionário dos CTT (carteiro) que havia sido deslocado para Pinhal Novo ‘por castigo’. Chamava-se Amílcar Caetano e era portador de uma excelente voz para o canto.
Como o Hélder Pimenta não gostava de ensaios, foi substituído pelo Amílcar, não chegando o Hélder a fazer parte do Terno D’ouros.
A estreia do Terno D’ouros, foi no palco do Clube Desportivo Pinhalnovense, numa festa de homenagem a um jogador de futebol do CDP de nome Manuel Lage que felizmente ainda se encontra entre nós. (Nessa altura ainda não tínhamos o tambor, instrumento que tivemos que improvisar, recorrendo a um balde de plástico).

Um amigo que já não se encontra entre nós, António Ricardo, que era técnico na Rádio Renascença, lançou-nos um desafio. Gravarmos em fita uns números e ele comprometia-se a que fossem passados na estação de rádio, sempre que houvesse oportunidade. Depois de por várias vezes ter a fita passado na rádio, apareceu a editora (Editora Telectra R.C.A.) que propôs uma futura gravação em disco.
Entretanto o grupo ia actuando em alguns espectáculos embora não tivesse ainda nome escolhido.
Num certo dia, vinha o Grupo de Lisboa e no barco da carreira vinha em sua companhia o saudoso Armando Campos que depois de alguma troca de ‘palpites’ sobre o nome que o grupo devia ter, lançou esta hipótese:
- é pá, já há um Grupo chamado Terno de Paus, porque não adoptam o nome de Terno D’ouros?
E foi o nome a prevalecer e aquele que nos popularizou.
A primeira gravação comercial teve um enorme sucesso com quatro números musicais, onde o grande sucesso foi Caldeirada à Portuguesa sendo a autoria da letra e música de Álvaro Amaro.
Depois foi um trabalhar constante por grandes palcos de hotéis de Lisboa, Coliseu dos Recreios e a posterior gravação de mais dois discos. Um desses discos de enorme êxito, englobava a Marcha do Vitória de Setúbal com letra e música de Feliciano Silva.

O  traje de actuação era: Casaco vermelho e calça branca. Mais tarde substituímos o casaco por  calça preta e jaqueta.Já mais para o fim do grupo, usávamos o traje de jaqueta e calça cinzenta . 
O símbolo era uma carta que configurava o terno de ouros.


Como tudo nasce, também morre.
Aconteceu o falecimento de um elemento (Amílcar Caetano), na altura em que já havíamos pensado acabar com o Grupo.
Muito mais haveria para contar, todavia não podemos terminar sem lembrar o senhor Gonçalves, alfaiate, que foi o designer de toda a nossa vestimenta de actuação".

Como será fácil perceber, esta pequena crónica tem o ‘dedo’ de quem a viveu desde o princípio, Álvaro Amaro.

Embora já há algum tempo haja feito uma proposta para que o Álvaro Amaro fizesse uma pequena resenha que nos recordasse o Terno D'ouros, só agora surgiu a oportunidade, que eu agradeço. Aqui fica uma  pequena história para que não seja esquecido o mais famoso de quantos grupos do género aconteceram em Pinhal Novo. Falta escrever que a formação/fundação do Grupo ocorreu entre 1962/63.



Nos tempos finais, o Terno D'ouros, no chafariz do arrial, em Pinhal Novo.

                                                                                                                         JoséManuelCebola Abril 2016

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