Francisco Joaquim
Baptista
Ferroviário
Ferroviário
(1890-1980)
Na Primeira pessoa
“A família de João Baptista era numerosa sendo eu o seu
primeiro filho. Aos 11 anos fui forçado a abandonar a Escola Conde Ferreira.
Tinha a 3ª classe mas tive que ir trabalhar para ajudar o meu pai. Foi com
estas e rudimentares habilitações que a minha vida seguiu até constituir
família.
Aos 15 anos já entusiasta pela arte da música, aprendiz na
Sociedade Antiga Montemorense (Carlista) com Maestro José Valério, que depois
de um ano de aprendizagem me fez executante com 16 anos.
Em 1908 fui componente da Tuna 1º de Dezembro Montemorense
sob a direcção de Eduardo Geraldo, executando violão de quatro cordas. Aos 19
anos, pensando já no futuro tive o sonho de construir uma casa para habitação
que não chegou a ser concluída porque entretanto entrei para os Caminhos de
Ferro do Estado em 1 de Julho de 1913 e fixei residência na vila da Moita onde
permaneci durante 12 anos, tendo naquela localidade conseguindo fazer o exame
de 2º grau em 4 de Agosto de 1914. Como entusiasta musical, em 1919 fiz parte
dos reorganizadores da Banda Estrela Moitense.
Quando terminou a ditadura de Sidónio Pais, fui convidado
para fazer parte da Comissão Administrativa da Junta de Freguesia da Moita,
cargo que deixei quando se realizaram eleições gerais, sendo a junta entregue
aos eleitos pelo Partido Democrático. Eu era da facção que apoiava o Dr. António José de Almeida.
Em 1936, comprei no Pinhal Novo, 1050 metros de terreno, para construir uma casa
para habitar. Este problema não seria muito fácil de resolver a curto prazo
para quem vivia do seu pequeno ordenado de ferroviário. Três anos mais tarde
cheio de trabalhos e canseiras, eu habitava a casa que sonhei ainda aos meus 19
anos na minha terra de Montemor-o-Novo.
Em Junho de 1945, reformei-me
dos caminhos-de-ferro, com a categoria de revisor de bilhetes de 2ª classe”.
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Mais do que na memória
das pessoas, o nome de Francisco Joaquim Baptista ficará para sempre escrito
nas diversas actas das colectividades de Pinhal Novo, por onde passou. Apesar
de aqui ter vivido cerca de 17 anos, deixou a sua marca no desenvolvimento e
progresso de Pinhal Novo.
Uma mão cheia de
realizações que mostram o trabalho e dedicação sem limites que ofereceu a esta
terra que em determinado momento adoptou como sua.
Director Associativo
Francisco Baptista, no ano de 1946
desempenhou o cargo de 1ºsecretário da assembleia-geral da SFUA.
Nesse ano, é também
vice-presidente da assembleia-geral do União Futebol Clube Pinhalnovense.
Em Abril de 1947, solicita ao
presidente da Câmara de Palmela a montagem de dez bancos no largo José Maria
dos Santos.
Ainda nesse ano de 1947, promove
um abaixo-assinado dirigido ao Presidente da Junta Autónoma das Estradas para
que fosse alcatroada a rua principal. (É hoje denominada rua Gago Coutinho e Sacadura Cabral)
Em 25 Janeiro de 1948, foi eleito
presidente da direcção do União Futebol Clube.
Com Francisco Baptista, dirigem o
União no ano de 1948, Arnaldo da Silva Mendes, Maximino Nogueira de Faria,
Álvaro José da Costa Tavares, José da Costa Xavier, Máximo Costa, Manuel
Costal, Jacinto Azougado, Francisco António Bento, João Fernandes da Costa
Tavares, Carlos Coutinho, Calisto Domingos Martins, José Augusto da Silva
Neves, Raúl Couceiro, Adolfo Rivera e José Amaro Teixeira.
E na quinta-feira, 5 de Agosto de
1948, Francisco Baptista preside à assembleia-geral que funda o Clube
Desportivo Pinhalnovense, através da fusão entre o União Futebol Clube e a
Sociedade Recreativa Literária e Musical. Francisco Joaquim Baptista ficará
como líder de uma comissão administrativa que irá governar o novo clube até às
próximas eleições que se realizarão em 19 de Fevereiro de 1949.
Em Janeiro de 1951, assume
o cargo de secretário da direcção da Sociedade Filarmónica União Agrícola.
E nesse período de
dirigente da SFUA, é terminada a fachada principal da sede da SFUA. Por esse
tempo, Francisco Baptista acha de grande necessidade que se crie um corpo de
Bombeiros em Pinhal
Novo , fundamentalmente para evitar as despesas que são feitas
com os Bombeiros que vêm de fora (Palmela) para acompanhar as sessões de cinema
na SFUA.
Bombeiros Voluntários
Depois de realizados
os primeiros contactos com as entidades oficiais, que forneceram a minuta para
a organização dos estatutos, os mesmos foram aprovados pelo Conselho Nacional
de Incêndios, que concedeu um subsídio de 50 contos à Associação.
Em 1 de Maio de 1951 foi
criada a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo.
Em 21 de Setembro de 1951, Francisco Baptista foi nomeado
pelo inspector de incêndios, comandante da jovem corporação de Bombeiros. Os
estatutos da Associação, seriam aprovados por alvará de 16 de Fevereiro de
1952, pelo Governo Civil de Setúbal.
Em Janeiro de 1952 junto à fachada principal da Sociedade Filarmónica, três bombeiros e o seu Comandante. |
O 1º ‘quartel’ foi
instalado num anexo da sua moradia, na actual rua Vasco da Gama.
O 2º existiu na
estrada dos Espanhóis.
O 3º na Av. Dr.
Oliveira Salazar e o 4º inaugurado em 2 de Abril de 1978, também na mesma
avenida, que hoje tem o nome de Avenida da Liberdade.
É justo lembrar as ajudas
que Joaquim Baptista recebeu de outras associações como Bombeiros do Sul e
Sueste, Bombeiros do Montijo e, principalmente de um grande amigo que foi
comandante da corporação de Montijo, Álvaro Valente(1886-1965), que depois passou a fazer
parte da Liga dos Bombeiros Portugueses
Em Abril de 1954,foi nomeado delegado da Associação de Socorros Mútuos com sede em Setúbal, tendo conseguido inaugurar um posto médico em Pinhal Novo a 17 de Março de 1955.
No ano de 1955, dirigiu a Sociedade Filarmónica União Agrícola como Presidente da Direcção.
No livro, «O
princípio da história» alusivo
à fundação dos Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo, editado em
2001, na altura da comemoração dos 50 anos, um pequeno parágrafo lembra-nos o
fundador dos bombeiros:
"Pinhal
Novo não era ingrato, mas o indomável Baptista das Metralhadoras tinha caído em desgraça. Porquê
? Não se sabe ao certo".
Pois nas memórias do
comandante Baptista e de sua autoria, está escrito;
"Em 8 de Novembro de 1953, o
comandante é atingido por uma injustiça que nunca mais esquecerá na sua vida,
pois não houve nada que justificasse o sucedido. Deixou de desempenhar as
funções de Comandante de Bombeiros, sendo forçado a pedir a demissão à entidade
competente".
Algum tempo depois, numa
assembleia-geral dos Bombeiros 'bem quentinha' em Janeiro de 1954, por
proposta de Joaquim Leitão, o ex-comandante Francisco Baptista foi eleito
Comandante Honorário dos Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo, cargo que honrou
até à data do seu falecimento.
A Despedida
Em 28 de Abril de 1956,
no restaurante «Santa Rosa» foi-lhe dedicado um jantar de homenagem e de
despedida, a que presidiu Álvaro Valente.
Nesse jantar de despedida foi agraciado com o Diploma de Sócio Honorário e o emblema de
ouro do Grupo Desportivo da Lagoa da Palha e também com o Diploma de Sócio
Honorário da SFUA.
Fixou residência em
Estremoz em Maio de 1956, continuando ligado aos bombeiros.
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Já depois de ter deixado Pinhal Novo, aqui voltou algumas vezes a convite. Um desses convites feito pela Junta de Freguesia, relacionou-se com a benção da capela do cemitério, sob o título de Nossa Senhora de Fátima, cuja imagem titular foi oferecida pelo senhor José Bartolomeu Ferro efectuada em 21 de Maio de 1966. Outra das ocasiões em que voltou ao Pinhal Novo, a convite da Junta de Freguesia, foi para descerrar uma lápide que deu o seu nome a uma rua de Pinhal Novo. A última vez terá sido em Dezembro de 1972, numa reunião com Entidades Administrativas do Concelho e Distrito, em que a direcção dos Bombeiros deu conta dos esforços que estava fazendo para a construção do novo quartel.
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Já depois de ter deixado Pinhal Novo, aqui voltou algumas vezes a convite. Um desses convites feito pela Junta de Freguesia, relacionou-se com a benção da capela do cemitério, sob o título de Nossa Senhora de Fátima, cuja imagem titular foi oferecida pelo senhor José Bartolomeu Ferro efectuada em 21 de Maio de 1966. Outra das ocasiões em que voltou ao Pinhal Novo, a convite da Junta de Freguesia, foi para descerrar uma lápide que deu o seu nome a uma rua de Pinhal Novo. A última vez terá sido em Dezembro de 1972, numa reunião com Entidades Administrativas do Concelho e Distrito, em que a direcção dos Bombeiros deu conta dos esforços que estava fazendo para a construção do novo quartel.
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Francisco Joaquim Baptista faleceria na cidade de Estremoz a 1 de Março
de 1980.
JoséManuel CebolaOut.2015
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