CASA de SANTA ROSA



  Casa de Santa Rosa

Foto com origem no semanário'OPinhalnovense' ano de 2000.
Ao ver duas fotos alusivas à situação actual do dito edifício publicadas no face,  pelo amigo José Piegas, recordei-me de uma crónica da autoria de Paulo Parreira editada no jornal 'O Pinhalnovense' em Maio de 2000, que o Paulo escreveu a convite de José Manuel Rosendo, na sequência de um colóquio subordinado ao tema Pinhal Novo 'Que Cidade?', realizado no auditório dos Bombeiros Voluntários em 11 de Março de 2000.                                                       
Foi distribuído um caderno onde estavam anotados os diversos itens que seriam tratados, assim como os especialistas convidados que dariam o seu contributo aos assuntos a tratar.
Na primeira página do caderno foi feita a apresentação das jornadas pela vereadora do Pelouro do Urbanismo, Ana Teresa Vicente, que a determinada altura, escreve:

Capa do caderno com o programa da Câmara Municipal que
foi debatido em Maio de 2000 
(…) “Ninguém dúvida que, a breve prazo, Pinhal Novo – que é, já hoje, um dos pólos urbanos mais dinâmicos da Área Metropolitana de Lisboa – assegurará o estatuto de Cidade. Ora, a cidade um sistema complexo em articulado onde intervêm factores ambientais, económicos e socioculturais. É nesse sentido que entendemos oportuna e conveniente a participação de especialistas, no debate e reflexão que nos propomos fazer com as instituições e a população do Pinhal Novo, sobre como  podemos contribuir para o seu de desenvolvimento harmonioso”(…). 

Após o período de almoço, foi dada oportunidade aos cidadãos que antecipadamente se inscreveram para intervir no tempo de debate que estava estabelecido ser das 15,15 às 18,30.
Um pinhalnovense que usou da palavra, pôs em causa a gestão da autarquia ao afirmar;

Foto com origem no semanário 'O Pinhalnovense'ano de 2000
(…) “penso existir da parte dos executivos camarários, um certo trauma em relação à memória colectiva do Pinhal Novo, o qual temo que em última instância leve ao apagar de todos os vestígios mais antigos da terra para darem lugar a mamarrachos de betão”(…).

Como já referenciámos,
foi esse cidadão, Paulo Parreira (neto de José Augusto da Costa Xavier) que mais tarde acedendo a um convite de José Rosendo, contou a origem da construção do edifício chamado ''Casa de Santa Rosa”.


Do semanário 'O Pinhalnovense' ano de 2000
(…) “É conhecida pelo nome 'Casa de Santa Rosa' devido a um painel que azulejos que retratam a mesma Santa. Esse ícone está incrustado sobre a galeria que dá acesso à entrada principal, no interior do pátio. A casa fica a poente da Praça José Maria dos Santos.
O senhor José Augusto da Costa Xavier, 1897-1985) agricultor abastado, natural de Pinhal Novo, casou com Isaura Rodrigues Lage, (1902-1981) proprietária de uma casa térrea e de uma pensão que existiam no lugar onde hoje se situa a 'Casa de Santa Rosa'.

Seu pai José da Costa Xavier, natural de São Pedro de Folque, Concelho de Arganil chegou a Pinhal Novo por volta de 1883. Vendia bijutarias de porta em porta. Passados alguns poucos anos, ascendeu à condição de comerciante com estabelecimento em Pinhal Novo. Casou em Abril de 1886 com Rosa de Miranda Delgado e desse casamento resultaram quatro filhos;
Maria nascida em 1887, Amélia em 1888, João em 1898 e José em 9 de Abril de 1897.

José Augusto da Costa Xavier, teve uma juventude participativa nos eventos da sua terra.
Em 1922 como elemento da equipa de futebol do União Foot-Ball Pinhalnovense que disputou dois campeonatos da Liga de Setúbal , e depois como presidente do União no ano de 1926. Uma das suas paixões foram os toiros, tendo militado no Grupo de Moços de Forcados, de Aldeia Galega.

No ano de 1936 assumiu o cargo de Presidente da Junta de Freguesia onde permaneceu até 1941.


Em 1948, José Augusto da Costa Xavier resolveu iniciar a construção de uma grande casa, tendo sido inicialmente construídas as duas alas laterais da mesma, e a obra concluída em 1953 com a construção da parte frontal. Foi mestre construtor do edifício, Olímpio Costa, (1905-1968).
O edifício apresenta uma pequena arquitectura arrojada e imponente, mais parecendo, para quem vem de fora uma mansão senhorial com alguns vários séculos de existência.
Na realidade, José Augusto da Costa Xavier, monárquico desde sempre e ligado aos círculos do «Integralismo Lusitano», quis deixar patente nesta mesma casa essa ideia, o que aliás veio também a verificar-se posteriormente, na traça da casa na sua propriedade de Poceirão, onde o uso de cantarias e ameias lhe conferiram um ar de solar minhoto.
No entanto, a ideia máxima que presidiu à imponência do edifício, foi na realidade o grande desejo do seu proprietário, manifestado desde o início, de que se acontecesse que Pinhal Novo um dia se tornasse sede de Concelho, ofereceria de imediato a casa para nela ser instalada a Câmara Municipal, mesmo que isso implicasse algum sacrifício para si e para a sua família.
José Augusto da Costa Xavier, foi desde sempre um homem vertical, que muito pugnou pela sua terra, tendo sido um dos pinhalnovenses que fez parte do lobby para a criação da Junta de Freguesia de Pinhal Novo e construção da sua sede.
Uma das intrigantes curiosidades da 'Casa de Santa Rosa', é o facto de apresentar uma pequena parte inacabada na sua fachada principal o que levou inclusive algumas pessoas a alvitrarem sobre a formação maçónica do seu proprietário.
Na realidade, para essa parte estava reservado um painel de azulejos no qual figuravam um lavrador “agarrado” a um arado. José Augusto da Costa Xavier tinha como máxima “Ninho feito, pega morta”, pelo que nunca chegou a terminar a sua obra.
No primeiro andar do edifício principal habitavam o casal com os dois filhos. No rés-do-chão esquerdo, situava-se o café do senhor Mora. No lado direito no rés-do-chão havia uma pensão gerida pela esposa do senhor Mora e, no primeiro andar, lado direito do edifício, estavam os quartos destinados a hóspedes.
Antes de falecer, José Augusto da Costa Xavier, manifestou aos filhos, a sua vontade de que quem viesse a herdar a casa a utilizasse para morar ou, no caso de a querer vender, o fizesse à Câmara Municipal de Palmela, para que a Câmara aí pudesse instalar algum gabinete descentralizador dos seus serviços que obstasse a que os pinhalnovenses tivessem que se deslocar a Palmela quando pretendessem tratar de qualquer assunto. 
Em último caso e como era seu sonho, para a instalação da tão almejada Câmara Municipal de Pinhal Novo, já que, e apesar de ter muitos e bons amigos entre os filhos de Palmela, sempre achou perniciosa e falha de benefícios para Pinhal Novo, a sua subjugação àquela autarquia".
***
Após a sua morte, o edifício entretanto herdado pelo filho João, foi vendido à Câmara de Palmela,

Os arrebatados protestos
do Paulo Parreira em Maio de 2000, porque achava que a 'Casa de Santa Rosa' estava a entrar em degradação galopante terão provocado algum rebate nas consciências de quem era o proprietário deste ex-libris?
Passados que estão 15 anos sobre esses momentos, será que o degradar do edifício continua?

José Augusto da Costa Xavier
Esta pergunta que fica, pode ter razão de ser porque quem olha para a 'Casa de Santa Rosa', só se apercebe de que o rés-do-chão, tanto esquerdo como direito estão ocupados o que por si indica que estarão com condições razoáveis! Mas e o 1º andar que acompanha todo o perímetro do edíficio?
Em tempos ouvi de um vereador da Câmara, a hipótese de transformar todo o espaço superior em divisórias, onde seriam alojadas as muitas associações existentes em Pinhal Novo e, no terreiro que é o pátio, a construção de um pavilhão multi-usos que seria utilizado por todas as associações existentes em Pinhal Novo.
Actualmente, para além da ocupação do rés-do-chão, com duas associações, todo o restante espaço estará sem condições, não conhecemos outras ocupações do espaço do primeiro andar. A outra ocupação dada ao local, é a utilização do quintal por altura das «Festas Populares de Pinhal Novo».

Em Fevereiro de 2008, no «semmais jornal» com o titulo «Palácio Santa Rosa» à espera do museu municipal. (Sim, o jornal chamou-lhe palácio!)
“A criação de um museu municipal no antigo palácio Santa Rosa, sito na Praça José Maria dos Santos, é uma ambição antiga do presidente da Junta de Freguesia de Pinhal Novo, Álvaro Amaro. O mesmo anseio é partilhado pela Câmara de Palmela, só que, devido à escassez de verbas e a outras prioridades, o projecto vai continuar em “banho Maria” por tempo indeterminado. Segundo o vereador José Charneira, já a pensar neste museu municipal, a edilidade adquiriu o referido edifício há largos anos. O espaço já albergou os serviços culturais da Câmara e acolhe, nos dias que correm, o Rancho Folclórico de Pinhal Novo e Grupo de Teatro 'ARTIMANHA'
(…) “É um projecto que queremos concretizar, mas não temos verbas para tudo, pelo que temos de fazer opções”. José Charneira admite que, além de um espaço de excelência da cultura caramela e ferroviária, o espaço poderá ter outras valências culturais.

O autarca garante que a população da vila de Pinhal Novo, assim que houver disponibilidade financeira, vai ganhar, no futuro, um grande centro cultural (…).


Será que os nossos ex-libris estão condenados? A pergunta do José Piegas -que me recordou esta história- pode ter a resposta que mais estiver de acordo com o sentir de cada um de nós. Só teremos que 'perguntar' a alguém em que confiemos e, em função da resposta assim poderemos tomar a decisão de sonhar.


JoséManuelCebola,Nov2015


3 comentários:

  1. É de facto um desperdício ter estas possibilidades e não serem aproveitadas para utilidade pública. Quanto mais tempo demorar a sua utilização maior será a sua degradação. Não temos em Pinhal Novo muitos monumentos históricos por isso penso que seria bom tratar condignamente aquilo que temos.

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  2. António Pedro
    Na realidade fiquei a conhecer mais um pouco da história do Pinhal Novo E bom ler as histórias da nossa terra , contadas por pessoas da nossa criação . Obrigado Zé Cebola, um abraço amigo

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  3. Gostava de saber o que quis dizer com "Ninho feito, pega morta". O que isso significa?

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