Casa de Santa Rosa
Foto com origem no semanário'OPinhalnovense' ano de 2000. |
Foi distribuído um
caderno onde estavam anotados os diversos itens que seriam tratados, assim como
os especialistas convidados que dariam o seu contributo aos assuntos a tratar.
Na primeira página do
caderno foi feita a apresentação das jornadas pela vereadora do Pelouro do
Urbanismo, Ana Teresa Vicente, que a determinada altura, escreve:
Capa do caderno com o programa da Câmara Municipal que foi debatido em Maio de 2000 |
(…) “Ninguém dúvida
que, a breve prazo, Pinhal Novo – que é, já hoje, um dos pólos urbanos mais
dinâmicos da Área Metropolitana de Lisboa – assegurará o estatuto de Cidade.
Ora, a cidade um sistema
complexo em articulado onde intervêm factores ambientais, económicos e
socioculturais. É nesse
sentido que entendemos oportuna e conveniente a participação de especialistas,
no debate e reflexão que nos propomos fazer com as instituições e a população
do Pinhal Novo, sobre como podemos contribuir para o seu de desenvolvimento
harmonioso”(…).
Após o período de
almoço, foi dada oportunidade aos cidadãos que antecipadamente se inscreveram
para intervir no tempo de debate que estava estabelecido ser das 15,15 às 18,30.
Um pinhalnovense que
usou da palavra, pôs em causa a gestão da autarquia ao afirmar;
Foto com origem no semanário 'O Pinhalnovense'ano de 2000 |
(…) “penso existir da parte dos
executivos camarários, um certo trauma em relação à memória colectiva do Pinhal
Novo, o qual temo que em última instância leve ao apagar de todos os vestígios
mais antigos da terra para darem lugar a mamarrachos de betão”(…).
Como já referenciámos,
foi esse cidadão,
Paulo Parreira (neto de José Augusto da Costa Xavier) que mais tarde acedendo a
um convite de José Rosendo, contou a origem da construção do edifício chamado
''Casa de Santa Rosa”.
Do semanário 'O Pinhalnovense' ano de 2000 |
(…) “É conhecida pelo
nome 'Casa de Santa Rosa' devido a um painel que azulejos que retratam a mesma
Santa. Esse ícone está incrustado sobre a galeria que dá acesso à entrada principal, no
interior do pátio. A casa fica a poente da Praça José Maria dos Santos.
O senhor José Augusto
da Costa Xavier, 1897-1985) agricultor abastado, natural de Pinhal Novo, casou
com Isaura Rodrigues Lage, (1902-1981) proprietária de uma casa térrea e de uma
pensão que existiam no lugar onde hoje se situa a 'Casa de Santa Rosa'.
Seu pai José da Costa
Xavier, natural de São Pedro de Folque, Concelho de Arganil chegou a Pinhal
Novo por volta de 1883. Vendia bijutarias de porta em porta. Passados alguns poucos anos, ascendeu à
condição de comerciante com estabelecimento em Pinhal Novo. Casou em Abril de 1886 com Rosa de Miranda
Delgado e desse casamento resultaram quatro filhos;
Maria nascida em 1887,
Amélia em 1888, João em 1898 e José em 9 de Abril de 1897.
José Augusto da Costa Xavier, teve uma juventude participativa nos eventos da
sua terra.
Em 1922 como elemento da equipa de futebol do União Foot-Ball Pinhalnovense que disputou dois campeonatos da Liga de Setúbal , e
depois como presidente do União no ano de 1926. Uma das suas paixões foram os
toiros, tendo militado no Grupo de Moços de Forcados, de Aldeia Galega.
No ano de 1936 assumiu
o cargo de Presidente da Junta de Freguesia onde permaneceu até 1941.
Em 1948, José Augusto
da Costa Xavier resolveu iniciar a construção de uma grande casa, tendo sido
inicialmente construídas as duas alas laterais da mesma, e a obra concluída em
1953 com a construção da parte frontal. Foi mestre construtor do edifício,
Olímpio Costa, (1905-1968).
O edifício apresenta
uma pequena arquitectura arrojada e imponente, mais parecendo, para quem vem de
fora uma mansão senhorial com alguns vários séculos de existência.
Na realidade, José
Augusto da Costa Xavier, monárquico desde sempre e ligado aos círculos do «Integralismo Lusitano»,
quis deixar patente nesta mesma casa essa ideia, o que aliás veio também a
verificar-se posteriormente, na traça da casa na sua propriedade de Poceirão,
onde o uso de cantarias e ameias lhe conferiram um ar de solar minhoto.
No entanto, a ideia
máxima que presidiu à imponência do edifício, foi na realidade o grande desejo
do seu proprietário, manifestado desde o início, de que se acontecesse que
Pinhal Novo um dia se tornasse sede de Concelho, ofereceria de imediato a casa
para nela ser instalada a Câmara Municipal, mesmo que isso implicasse algum
sacrifício para si e para a sua família.
José Augusto da Costa
Xavier, foi desde sempre um homem vertical, que muito pugnou pela sua terra,
tendo sido um dos pinhalnovenses que fez parte do lobby para a criação da Junta de
Freguesia de Pinhal Novo e construção da sua sede.
Uma das intrigantes
curiosidades da 'Casa de Santa Rosa', é o facto de apresentar uma pequena parte
inacabada na sua fachada principal o que levou inclusive algumas pessoas a
alvitrarem sobre a formação maçónica do seu proprietário.
Na realidade, para essa
parte estava reservado um painel de azulejos no qual figuravam um lavrador
“agarrado” a um arado. José Augusto da Costa Xavier tinha como máxima “Ninho
feito, pega morta”, pelo
que nunca chegou a terminar a sua obra.
No primeiro andar do
edifício principal habitavam o casal com os dois filhos. No rés-do-chão
esquerdo, situava-se o café do senhor Mora. No lado direito no rés-do-chão
havia uma pensão gerida pela esposa do senhor Mora e, no primeiro andar, lado
direito do edifício, estavam os quartos destinados a hóspedes.
Antes de falecer, José
Augusto da Costa Xavier, manifestou aos filhos, a sua vontade de que quem
viesse a herdar a casa a utilizasse para morar ou, no caso de a querer vender,
o fizesse à Câmara Municipal de Palmela, para que a Câmara aí pudesse instalar
algum gabinete descentralizador dos seus serviços que obstasse a que os
pinhalnovenses tivessem que se deslocar a Palmela quando pretendessem tratar de
qualquer assunto.
Em último caso e como era seu sonho, para a instalação da tão almejada Câmara Municipal de Pinhal Novo, já que, e apesar de ter muitos e bons amigos entre os filhos de Palmela, sempre achou perniciosa e falha de benefícios para Pinhal Novo, a sua subjugação àquela autarquia".
***
Após a sua morte, o edifício entretanto herdado pelo filho João, foi vendido à Câmara de Palmela,
Em último caso e como era seu sonho, para a instalação da tão almejada Câmara Municipal de Pinhal Novo, já que, e apesar de ter muitos e bons amigos entre os filhos de Palmela, sempre achou perniciosa e falha de benefícios para Pinhal Novo, a sua subjugação àquela autarquia".
***
Após a sua morte, o edifício entretanto herdado pelo filho João, foi vendido à Câmara de Palmela,
Os arrebatados protestos
do Paulo Parreira em Maio de 2000,
porque achava que a 'Casa de Santa Rosa' estava a entrar em degradação galopante
terão provocado algum rebate nas consciências de quem era o proprietário deste
ex-libris?
Passados que estão 15 anos sobre esses
momentos, será que o degradar do edifício continua?José Augusto da Costa Xavier |
Esta pergunta que fica,
pode ter razão de ser porque quem olha para a 'Casa de Santa Rosa', só se
apercebe de que o rés-do-chão, tanto esquerdo como direito estão ocupados o que
por si indica que estarão com condições razoáveis! Mas e o 1º andar que
acompanha todo o perímetro do edíficio?
Em tempos ouvi de um
vereador da Câmara, a hipótese de transformar todo o espaço superior em divisórias, onde
seriam alojadas as muitas associações existentes em Pinhal Novo e, no terreiro que é o pátio, a
construção de um pavilhão multi-usos que seria utilizado por todas as
associações existentes em Pinhal Novo.
Actualmente, para além da ocupação do rés-do-chão, com
duas associações, todo o restante espaço estará sem condições, não conhecemos
outras ocupações do espaço do primeiro andar. A outra ocupação dada ao local, é
a utilização do quintal por altura das «Festas Populares de Pinhal Novo».
Em Fevereiro de 2008,
no «semmais jornal» com o titulo «Palácio Santa Rosa» à
espera do museu municipal. (Sim, o jornal chamou-lhe palácio!)
“A criação de um museu
municipal no antigo palácio Santa Rosa, sito na Praça José Maria dos Santos, é
uma ambição antiga do presidente da Junta de Freguesia de Pinhal Novo, Álvaro
Amaro. O mesmo anseio é partilhado pela Câmara de Palmela, só que, devido à
escassez de verbas e a outras prioridades, o projecto vai continuar em “banho
Maria” por tempo indeterminado. Segundo o vereador José Charneira, já a pensar
neste museu municipal, a edilidade adquiriu o referido edifício há largos anos.
O espaço já albergou os serviços culturais da Câmara e acolhe, nos dias que
correm, o Rancho Folclórico de Pinhal Novo e Grupo de Teatro 'ARTIMANHA'
(…) “É um projecto que
queremos concretizar, mas não temos verbas para tudo, pelo que temos de fazer
opções”. José Charneira admite que, além de um espaço de excelência da cultura
caramela e ferroviária, o espaço poderá ter outras valências culturais.
O autarca garante que
a população da vila de Pinhal Novo, assim que houver disponibilidade
financeira, vai ganhar, no futuro, um grande centro cultural (…).
Será que os nossos ex-libris estão condenados? A pergunta
do José Piegas -que me recordou esta história- pode ter a resposta que mais estiver
de acordo com o sentir de cada um de nós. Só teremos que 'perguntar' a alguém em
que confiemos e, em função da resposta assim poderemos tomar a decisão de
sonhar.
JoséManuelCebola,Nov2015
É de facto um desperdício ter estas possibilidades e não serem aproveitadas para utilidade pública. Quanto mais tempo demorar a sua utilização maior será a sua degradação. Não temos em Pinhal Novo muitos monumentos históricos por isso penso que seria bom tratar condignamente aquilo que temos.
ResponderEliminarAntónio Pedro
ResponderEliminarNa realidade fiquei a conhecer mais um pouco da história do Pinhal Novo E bom ler as histórias da nossa terra , contadas por pessoas da nossa criação . Obrigado Zé Cebola, um abraço amigo
Gostava de saber o que quis dizer com "Ninho feito, pega morta". O que isso significa?
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