PASSOU,RECORDEMOS.



PASSOU,RECORDEMOS.
com Samuel

   Se olharmos para trás
        Isto são recordações
Outros falarão de nós
      Em futuras gerações

Foi esta a quadra escolhida por Samuel da Costa Xavier para  dar acolhimento ao pedido que o amigo António Borralho lhe fez. O fim em vista era a comemoração de  mais  um 1º de Dezembro, neste caso no ano de 1992.

- “Faz algo, escrito, falado, sei lá, como entenderes sobre a nossa terra, sobre aqueles tempos”.

Samuel da Costa Xavier, levou a sério o pedido do amigo e, como depositário de memórias pinhalnovenses, abalançou-se a recordar alguns elementos que acompanharam o crescer da aldeia, o que para a sua excelente memória foi um retorno à  época de jovem que vivia as coisas da sua terra como poucos.
E como ele as contava!


- “Sentado no sofá surgem-me no meu computador «Costa & Lopes», no meu ecran cerebral, muitas coisas relacionadas com o desejo do amigo.
A peneira do desejar fazer bem e que agrade a todos começa a apertar a malha e se optei por “Estes Históricos” que vos ofereço, sinceramente vos digo que muito gozei e até ri de alegria recordando estes homens, estes factos, estas situações.
A História é o passado dum povo” (…)                                                      
                                         Samuel

Pela nossa parte, tentaremos transcrever algumas dessas memórias que nos trarão como a muitos mais, a recordação de alguns  habitantes da nossa terra que por aqui foram passando e deixando amigos. 
Vamos fazer uso de um trabalho editado  no ano de 2005, pela Secção Cultural  da Associação Académica Pinhalnovense, na comemoração do seu 49º aniversário, da autoria de Júlio Rei Margarido e José Manuel Cebola.

*
                 José Maria Ribeiro (1862 - 1939)



A luz nocturna da aldeia
Só vinha do petroleiro
E quem cuidava dos candeeiros
Era o velho Zé Ribeiro




José Maria Ribeiro, nasceu em Palmela a 4 de Outubro de 1862, na rua do chafariz.
Durante muitos anos trabalhou em Pinhal Novo, tendo como ocupação principal fornecer luz à aldeia.
As suas ferramentas de trabalho eram; uma escada, uma vasilha com petróleo, torcidas e fósforos.

As zonas que por essas  épocas eram mais favorecidas com a luz vinda dos candeeiros a petróleo, eram  as entrada das tabernas. Uma das grandes "técnicas" que o Ti Zé utilizava, conforme as épocas do ano, tinha a ver com a quantidade de petróleo que era depositado no candeeiro para que na manhã seguinte, logo que a claridade aparecesse, o petróleo do candeeiro estivesse no fim. 
A Luz eléctrica foi inaugurada em Pinhal Novo a 8 de Maio de 1938.  
José Maria Ribeiro faleceu nesta sua terra de adopção em 15 de Março de 1939.

*
António Domingues Macau ll (1865-1950)

                                                         

O tio António Macau
Criou uma geração
Em que todos foram mestres
Em folha, cobre e latão



Nasceu na Cascalheira, Pinhal Novo, em 4 de Agosto de 1865. Seu pai, que usava o mesmo nome, veio das bandas de São Tomé de Mira, Aveiro. Foi dos elementos que desde o princípio esteve ligado ao grupo dos fervorosos que desejavam construir uma capela.
O tio António Macau, foi músico e tudo parece indicar que perto dos fins do século XX, o seu mestre tenha sido Henrique Isidoro da Costa, um palmelão, que foi o primeiro mestre da banda da Sociedade União Agrícola de Pinhal Novo. Em 1893 foi eleito Juiz da Irmandade de São José. Participou na primeira Comissão Administrativa da Junta de Freguesia de Pinhal Novo. Regedor da aldeia e Administrador do cemitério. Deixou-nos alguns manuscritos em que conta "histórias" relacionadas com Pinhal Novo. Foi funileiro de profissão. Faleceu com 85 anos, em 24 de Outubro de 1950.

*
Manuel Godinho de Matos (1887-1976)



Mesmo pegada à igreja
E perto do poço do Arraial
Era a farmácia do Matos
Pronta a curar todo o mal




Nasceu em Palmela, no dia 11 de Abril de 1881.
O pai Francisco, vindo da zona de Ansião instalou-se como farmacêutico em Palmela e aí casou com uma natural da vila. Manuel Godinho de Matos, depois de  tirar o curso de farmácia, rumou a Pinhal Novo.
É frequente ouvir dizer que foi o primeiro farmacêutico que se instalou em Pinhal Novo, isso não corresponde à realidade. 
Foi o quarto, sendo o seu antecessor o senhor Castro (antes do qual já tinham por aqui passado dois outros cidadãos). No processo civil nº 36 de 1914, que consta da queixa de António dos Santos Jorge, contra a Irmandade, porque queria a posse da capela que foi construída pelo povo, aparece a informação de arrendamento da farmácia, baseada  nos autos do arrolamento feito na capela de São José em 25 de Novembro de 1911, já depois da implantação do regime Republicano.  

(...) "A renda anual de vinte e quatro mil réis, que paga Manuel Godinho de Matos, pela casa onde tem a farmácia" (...). 

Faleceu em Pinhal Novo, a 21 Abril de 1976.     


***
                                                                      Nota :  (Este trabalho, terá a continuação possível  em função da enorme quantidade de habitantes aos quais Samuel dedicou as suas quadras e também à nossa disponibilidade para o executar).  

8 comentários:

  1. O António Domingues Macau também era filho de Maria Gomes Nogueira, natural de Sarilhos Grandes mas cujos pais eram de Arazede ( António Teixeira de Faria ) e de Cadima ( Isabel Gomes Nogueira ), distrito de Coimbra. Era primo do meu bisavô Joaquim Nogueira de Faria que, curiosamente, também nasceu na
    Cascalheira. Também seria familiar do mestre ferreiro Faria. Entre as famílias mais antigas do Pinhal Novo e arredores, há imensos laços de parentesco que hoje são desconhecidos.

    Célia Gomes

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    1. Estas coisas são mesmo assim. Já passaram alguns anos, desde que comecei a interessar-me pelas árvores genealógicas de muitas famílias do nosso sítio. Você deixou escrito que o citado M.D.Macau, filho de Maria Gomes Nogueira, tinha sido primo do seu bisavô Joaquim Nogueira de Faria.Se eu estiver certo no raciocínio, esse seu bisavô Joaquim (1867-1951) teria casado em 1894 com Maria Jorge Caçoete. Este casal teve uma mão cheia de filhos e a estar eu certo, um deles seria o seu avô ou avó.

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    2. Quando escrevi (M.D.Macau), pretendia escrever A.D.Macau. Uma vez que voltei ao tema, acrescentaria que o Joaquim (1867-1951) era filho de António Nogueira de Faria, e de Luisa Francisca Sanheiro. Como hipótese que já referenciei, vou deixar o nome de sete filhos do casal Joaquim Nogueira de Faria/Maria Jorge Caçoete: António,Júlia,Francisca,João,Ana,Manuele Mariana.Será?

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    3. No comentário de 9 de Abril, "Também seria familiar do mestre ferreiro Faria". Era sim. O Mestre Ferreiro Faria era também bisneto de António Teixeira de Faria e de Isabel Gomes Nogueira.
      O Mestre, de seu nome António Teixeira de Faria nasceu nos Olhos d'Água em Julho de 1898 e faleceu em Pinhal Novo em Agosto de 1972. Era filho de José Teixeira de Faria e de Maria dos Santos.

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  2. Ainda sou uma aprendiz mas de facto, a genealogia é uma paixão. Sim, o meu avô António era filho de Joaquim e Maria Jorge, seria um dos filhos mais novos, pelo menos encontrei alguns assentos de baptismo de irmãos com datas anteriores ao seu nascimento, em 1914. Todos os meus ramos familiares estão nesta região desde muito cedo, alguns muito antes da construção do caminho-de-ferro. Eram quase todos originários de Tocha, Cadima, Arazede, Mira e Ferreira-a-Nova. Apenas uma bisavó chegou mais tarde,no início do século XX; veio trabalhar como " criada de servir " para casa de um suposto major, na rua Padre José Estevens Dias, perto do cruzamento com a rua António Santos Jorge. Quem seria esse major? Consta que vivia em Lisboa e aqui tinha casa.

    Célia Gomes

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    1. Chamou-se Diogo Rogério dos Reis Themudo,
      Em 1928, quando casou na capela de São José com Joaquina de Mira Azougado era Tenente-aviador

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  3. Muito obrigada! A informação veio do filho dessa minha bisavó, claro que podia haver um lapso na patente desse senhor. O meu tio, que tem 92 anos, conta que a mãe comprava carne e outras coisas aqui no Pinhal Novo e enviava as mercadorias para Lisboa através do feitor dos patrões.

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  4. Sim, eu percebi que era A.D. Macau, só há pouco tempo reparei que há uma rua com o seu nome.Eu não tenho todos os assentos de baptismo dos filhos de Joaquim Nogueira de Faria mas sei que faltam pelo menos três: Carlos, que conheci muito bem; Conceição, que também conheci muito bem e faleceu há poucos anos; Joaquina, baptizada em 18 de Março de 1900 mas não sei se morreu jovem ou não; também já me falaram num Américo, mas não tenho certezas.

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