JOSÉ ESTEVENS DIAS (padre)





José Estevens Dias (1854-1936)


padre



             
O padre José Estevens Dias foi nomeado para Pinhal Novo em Outubro de 1910. Tinha 56 anos e deixava a paróquia de São Brás da Chamusca do Ribatejo, para assumir o cargo de capelão em Pinhal Novo.



Em São Matias,Beja.

José Estevens Dias, nasceu na freguesia de São Matias, concelho de Beja.
O assento do seu baptismo datado de 26 de Fevereiro de 1854 na igreja Paroquial de São Matias, estranhamente e contra o que era habitual nesse tempo, não regista a data do nascimento do menino a quem foram postos os santos óleos.
Pelo documento sabe-se que era o terceiro filho do segundo matrimónio do pai Francisco Maria Dias, natural da freguesia de São Matias, e o primeiro da mãe, Gertrudes Magna natural da vizinha freguesia de Cuba.
Neto paterno de Inácio da Rosa e de Joana de Cristo, e materno de Manuel António Salgueiro e Joaquina dos Prazeres.
O padrinho de baptismo, chamava-se José Estevens Mendes, cujo nome, certamente, terá inspirado aquele que o seu afilhado haveria de tomar para si ao longo de toda a sua vida.
Teve pelo menos, mais 11 irmãos, todos nascidos em São Matias, entre os anos de 1851 e 1866.
São muitas as lacunas sobre o que se conhece do seu percurso eclesiástico. Talvez a sua formação de seminarista tenha decorrido no Seminário de Beja, mas não há sustento seguro sobre o período em que essa formação tenha acontecido, nem quando foi feito presbítero.

Temos registos que nos indicam que ao findar o ano de 1880 iria o padre José Estevens nos seus 26 anos, um decreto de Novembro, atribui-lhe o lugar de “padre colado” na Igreja Paroquial de Santo André, concelho de Santiago do Cacém.
Para o efeito haveria de receber carta de mercê concedida pelo Rei D.Luís l. (ANTT, registo geral de mercês, D.Luís I, liv. 36, fl 110-111).
No momento de concorrer a esse lugar de cunho quase vitalício, de autêntico proprietário de uma Igreja, como muitas vezes eram considerados os padres colados, o padre José Estevens Dias estava colocado na freguesia de São Francisco da Serra mas como “padre encomendado”, um nível mais abaixo na estrutura da organização eclesial.

Entre os anos de 1880 e 1907, passou pelas freguesias de  S. Francisco da Serra, Santo André e Melides. 

Na altura em que esteve a paroquiar a freguesia de Santo André, nasceu nessa localidade a 24 de Maio de 1887, uma criança do sexo feminino, a quem foi dado o nome de Mariana, filha de pai incógnito e de Eduarda da Conceição Moreno, solteira. Foi baptizada na igreja paroquial de Santiago do Cacém a 30 de Maio de 1887 pelo padre José Dias da Silva “com licença do Reverendo Prior de Santo André”.
A Mariana era neta paterna de avós incógnitos e maternos de José Joaquim Moreno e de Mariana da Conceição. Casaria em 26 de Outubro com João Rodrigues Pablo Júnior.

Em 1904, o padre José Estevens Dias pediu transferência para São Brás, no concelho de Chamusca do Ribatejo, onde só chegou em 1907, tendo aí permanecido até Agosto de 1910.

Em Pinhal Novo

José Estevens Dias terá sido o primeiro padre residente em Pinhal Novo, onde também desempenhou funções de professor no ensino primário, nos anos de 1919,1920 e 1923, conforme se encontra impresso nos respectivos Anuários Comerciais de Portugal.  

Como já anteriormente escrito, o padre José Estevens foi nomeado para Pinhal Novo em Outubro de 1910; no entanto, não foi possível confirmar uma data para a sua chegada a Pinhal Novo. Mesmo no processo de arrolamento dos bens da capela de São José de Pinhal Novo em 25 de Novembro de 1911, na sequência da Lei de Separação do Estado e das Igrejas, não se encontrou referência ao nome de qualquer padre que estivesse em Pinhal Novo nesse período conturbado na vida do País, depois da implantação da República.
Só no ano de 1914 aparece a assinatura do padre José Estevens Dias, como testemunha em algumas das escrituras de doações de terras aos que haviam sido colonos de José Maria dos Santos.
Também no ano de 1915 quando no dia 1 de Maio o oficial de diligências Feliciano José Alves da Silva se deslocou “ao largo denominado do Pinhal Novo, e também denominado  do mercado” para fazer entrega ao representante de António dos Santos Jorge de todo esse largo de terreno assim como de tudo o que nele se encontrava construído, e onde aparecem mencionados como testemunhas o reverendo padre José Estevens Dias, e António Domingues Macau, casado, latoeiro, moradores nesta povoação.
(António dos Santos Jorge, sobrinho de José Maria dos Santos, depois do falecimento do tio, pôs demanda em tribunal, alegando que seria o legítimo herdeiro do largo e capela de São José). 
Pelo menos, desde Setembro de 1915 que o padre cuidava igualmente das precisões religiosas da herdade de Rio Frio, sendo que, a partir desse ano com a atribuição de um ordenado mensal de 17$000 réis.
O padre José, seria o Presidente da Comissão para a inauguração de um busto a José Maria dos Santos, ocorrida em 19 de Novembro de 1916, no largo do mercado.

Em finais dos anos vinte do século XX, em algumas ocasiões, principalmente no tempo de férias escolares, o padre José recebia em sua casa em Pinhal Novo (actual rua padre José Estevens Dias) a visita de dois jovens irmãos, que seriam seus familiares. Um chamava-se Fernando e nascera em 21 de Setembro de 1911, o outro de nome Jorge, nascera em 18 de Janeiro de 1913.
Jorge e Fernando, eram filhos de Mariana Eduarda Dias (nascida em Santo André em 1887) e de seu marido João Rodrigues Pablo Júnior.Netos paternos de João Rodrigues Pablo e Maria da Luz Pablo. Maternos de avô incógnito e de Eduarda da Conceição Moreno.

O senhor Naia

No ano de 2000, encontrava-se em Pinhal Novo, em casa de familiares, um cidadão de apelido Naia, natural de São Matias. O senhor contou-nos que havia conhecido bem o padre, tendo inclusivamente trabalhado para o padre nas terras que este possuía na herdade da Apariça.
Hoje chama-se Monte da Apariça. Nos tempos a que se refere a nossa crónica, os seus proprietários, morgados da Apariça, haviam distribuído terras a alguns habitantes do sítio que as exploravam. Foi o caso do padre que não estando no sítio, tinha alguém que  trabalhava as suas terras.

O padre José Estevens Dias, na parte Sul da capela de São José de Pinhal Novo. 

O padre José Estevens Dias, faleceu em Pinhal Novo a 14 de Janeiro de 1936 .Encontra-se sepultado no cemitério da Cascalheira.


(Para este trabalho, tive a colaboração  de José António Cabrita, através da cedência de alguns dados que permitiram um melhor entendimento de alguns pormenores da vida do padre José. Ao José António Cabrita os meus agradecimentos). 

José Manuel Cebola, Julho de 2015


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