A PRIMEIRA ESCOLA PRIMÁRIA DE PINHAL NOVO
foi construída á beira de um caminho que na época fazia a ligação de Pinhal Novo com a Fonte da Vaca e Carregueira. Hoje tem o topónimo de rua padre José Estevens Dias e a construção da escola, ficou a dever-se à tenacidade de três habitantes do nosso sítio, que não acreditando nas promessas que vinham de Palmela e Setúbal, acharam que o melhor a fazer, seria meterem ombros à obra para a construção da escola.
A escola foi inaugurada num sábado, a 24 de Outubro do ano de 1891, sendo professor João de Oliveira e Silva (1867 - 1916) natural de Palmela.
Duas fotos.Uma tirada de Sul para Norte e outra de Norte para Sul.
Talvez se possa escrever que são fotos das primeiras décadas do século XX,
num provável dia de eleições, e também que o autor das fotos tenha sido
Manuel Giraldes da Silva.
Quem consultar o livro nº 9 da
colecção Origens e Destinos, editado pela Junta de Freguesia de Pinhal Novo em
Fevereiro de 2007, poderá ler na página 92:
"Primeiro Edifício Escolar
Chegou o ano de 1891, e fora
curto o tempo em que as aulas decorreram na sacristia, porque três elementos
ligados à Irmandade pensaram construir um edifício de raiz, para servir de
escola, e em pouco tempo concretizaram a ideia.
Foram eles, Manuel Miranda
Roldão, Manuel Escoural e Manuel Francisco Azenha. Os três, foram junto de
Leandro Cardoso Gesteiro que lhes alugou a longo prazo, o terreno onde no dia
22 de Junho de 1891, começou a construção da escola, a qual seria inaugurada
nesse ano de 1891.
Esses três habitantes que desde o princípio da criação da Irmandade, faziam parte dos cidadãos contribuintes para o funcionamento da capela, pertenciam ao grupo da Venda do Alcaide e estavam no movimento que reivindicava a escola oficial em Pinhal Novo.
Não havia casa para dar aulas... serviu a sacristia.
A primeira aula foi na sacristia, no dia 11 de Julho de 1887, mas por pouco tempo. Um elemento que veio inspeccionar as condições em que decorriam as aulas, concluiu que não haviam condições e mandou encerrar a 'escola' em 8 de Outubro desse ano de 1887.
Passados mais de três anos sobre a primeira aula, foi feito um pedido à Irmandade pelo Presidente da Junta da Paróquia de Palmela, datado de 26 de Outubro de 1890, para que tornassem a ceder as instalações da sacristia para recomeçarem as aulas..!
A Irmandade acedeu em dispensar o espaço da sacristia, alertando para a situação que não podia ser mantida por muito tempo, porque a sacristia era o único espaço de que a Irmandade dispunha para reunir. E assim 3 anos depois, lá voltou o professor João de Oliveira e Silva (o primeiro professor oficial) com os seus alunos para a sacristia.
Não acreditando na resolução, com a brevidade que havia sido pedida para a construção da escola, – já se arrastava desde 1886 – os três cidadãos já referidos, acharam que o melhor seria deitarem mãos à obra e resolverem de vez o assunto. Se bem o pensaram, rapidamente o puseram em execução. E como se pode ler, em 10 de Maio de 1891 já estava a ser lavrada a escritura para aluguer do terreno onde viria a ser construída a escola.
A escritura do terreno para a escola
Livro
de notas nº 259, do notário Cristiano Augusto, de 10 de Maio de 1891. Arquivo Distrital
de Setúbal, Cota 4716/6
(...) "Saibam quantos esta
pública escritura de sublocação e mais obrigações virem, (…) que no ano de mil
oitocentos e noventa e um, aos dez dias do mês de Maio, neste sítio do Pinhal
Novo e sacristia da igreja de São José onde eu António Maria Dias, tabelião
interino do Julgado de Palmela, vim, aqui estavam presentes, duma parte;
Leandro Cardoso, o Gesteiro, casado fazendeiro, morador na sesmaria da
Carregueira freguesia de São Pedro de Palmela e da outra parte Manuel Miranda
Roldão, Manuel Francisco Azenha e Manuel da Costa Escoural, casados,
proprietários, moradores no sítio da Venda do Alcaide, desta freguesia, todos
meus conhecidos, do que dou fé. E pelo primeiro outorgante Leandro Cardoso, o
Gesteiro, foi dito em presença das testemunhas ao diante nomeadas e assinadas;
Que ele tomou d’arrendamento ao Exmo. Dom António Maria de Brito Pereira Pinto
Guedes Pacheco, um terreno que se compõe de três courelas de terra de semeadura
confrontando pelo norte com Bernardo Gomes, pelo sul com via-férrea, pelo
nascente com estrada pública e pelo poente com Joaquim Jorge Júnior. Que tendo
plena autorização do Excelentíssimo actual senhorio, (...) para poder subarrendar
parte do mencionado terreno (...) para eles segundos outorgantes, que mede de
frente quarenta metros, e de fundo dezasseis metros», (…) sendo testemunhas
presentes José Marques d’Oliveira, casado, trabalhador, morador na Venda do
Alcaide, e José Carolino da Motta, casado, empregado dos Caminhos de Ferro,
morador no Pinhal Novo, que assinam com Francisco Lopes dos Santos, casado,
empregado dos Caminhos de Ferro, morador em Palmela, e Delfim Rodrigues
Marques, casado, capataz, morador na Cascalheira, este a rogo do outorgante
Escoural e aquele a rogo do primeiro outorgante, por dizerem que não sabem
escrever", (…).
Reforcemos este fragmento da escritura do terreno para a construção da
escola, com o que ficou anotado no «Livro dos Mesários», (livro onde os homens que geriam a Irmandade, anotavam as ocorrências passadas na capela de S. José de Pinhal Novo).
(...) "mas conhecendo-se que a escola na
sacristia não estava bem por se achar com as funções da mesma; isto é, que a
sacristia devia estar livre e desembaraçada para o seu próprio fim, foi então
que três pessoas destes sítios, Manuel Miranda Roldão, Manuel Escoural e Manuel
Azenha resolveram fazer uma casa própria para a escola, e tendo arrendado a
longo prazo um terreno que lhes sublocou Leandro Cardoso Gesteiro, principiaram
o edifício no dia 22 de Junho de 1891, e a abertura ou inauguração, teve lugar
a 24 de Outubro do mesmo ano, sendo mobilada com uma boa mobília à moderna nas
verdadeiras condições. As obras da dita casa importaram em perto de um conto de
réis".
Esta verba foi aplicada pelos
três cidadãos assinalados na escritura, que mais tarde, receberiam a verba
empatada.
Não há dúvida, de que no ano de
1891 foi construído um edifício com o fim de ser nele instalada uma escola.
Deixemos mais um detalhe sobre a existência da escola.
A Câmara Municipal de Montijo, editou em Junho de 2008 um livro da autoria de Joaquim Tapadinhas com o título «Nos Trilhos da Pedagogia» de Aldeia galega a Montijo (1772-2008), no qual se pode ler a páginas 57, parte da acta da sessão de Câmara de Aldeia Galega, realizada no dia 28 de Outubro de 1896 e, onde consta:
A Câmara Municipal de Montijo, editou em Junho de 2008 um livro da autoria de Joaquim Tapadinhas com o título «Nos Trilhos da Pedagogia» de Aldeia galega a Montijo (1772-2008), no qual se pode ler a páginas 57, parte da acta da sessão de Câmara de Aldeia Galega, realizada no dia 28 de Outubro de 1896 e, onde consta:
"O Professor Oficial do Ensino
Elementar do Pinhal Novo requisita diversos livros de escrituração, mapas e
mais impressos destinados à escola a seu cargo, no que é satisfeito pela
Câmara".
(Nesta época, o professor João de Oliveira e Silva já tinha abandonado o Pinhal Novo e o seu substituto era o professor oficial Eduardo da Encarnação Neves).
(Nesta época, o professor João de Oliveira e Silva já tinha abandonado o Pinhal Novo e o seu substituto era o professor oficial Eduardo da Encarnação Neves).
E para que não fiquem dúvidas sobre o porquê do pedido haver sido feito à Câmara de Aldeia Galega, pode consultar-se
o Diário do Governo, nº 220 de 30 de Setembro de 1895, onde é tornada pública a
decisão seguinte:
"São suprimidos: o concelho de
Alcochete, cujas freguesias são anexadas ao de Aldeia Galega, ao qual também se
junta a freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem da Moita".
Em compensação, à freguesia de
São João Baptista de Alcochete, foi acrescentado o território que ficava entre
Pinhal Novo e Poceirão, a norte da linha dos caminhos-de-ferro, que era
pertença da freguesia de São Pedro de Palmela.
Como a escola ficava a norte da
linha do caminho-de-ferro, na actual rua padre José Estevens Dias, logo estava
englobada no concelho de Aldeia Galega!
Capa do caderno de registos de matrícula a partir do ano de 1923.
Capa do caderno de registos de matrícula a partir do ano de 1923.
Ano de 1927. Turma mista no
quintal da escola.
Não será fácil, talvez seja mesmo impossível identificar os jovens que estão nesta foto. Poderíamos todavia, passar uma lista com os nomes dos jovens que andavam nesta escola no ano de 1927. Só que,...será 1926/27 ou 1927/28 ?
Será que poderia consultar a lista? Tive familiares nessa escola por esses anos...
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